IBRAM comemora os 40 Anos de normalização em mineração no Brasil
02/12/22
Profissionais do setor mineral e especialistas responsáveis pela criação e padronização das normas técnicas na mineração (ISO e ABNT) reuniram-se nesta quinta-feira, 01/12, no escritório do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em Belo Horizonte (MG), para celebrar os 40 anos da mineração brasileira na Normalização Internacional.
As normas são de suma importância para os fornecedores e consumidores de minérios, uma vez que elas permitem quantificar suas características de qualidade, sobre as quais se faz o cálculo de faturamento, prêmios e multas de cada carregamento na interface comercial.
“A normalização é um fator fundamental para a competitividade e a produtividade do setor mineral. Sem que tenhamos as especificações técnicas, fica difícil trabalhar no mercado, se defender, comprar, e assim por diante. A normalização é um fator para o sucesso do setor. Estamos aqui felizes com o feito desta iniciativa de alcançar quatro décadas de muito trabalho e desenvolvimento”, disse o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann.
O IBRAM desenvolve desde 1994, há 28 anos, um amplo programa de apoio à participação das empresas brasileiras produtoras de minério de ferro, minérios e concentrados de cobre e níquel e produtos primários de níquel nos trabalhos de desenvolvimento de normas técnicas ISO – International Organization for Standardization e ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Este programa é coordenado pelo IBRAM-CONIM, sigla que se refere ao Comitê para a Normalização Internacional em Mineração, sediado no escritório do Instituto em Belo Horizonte.
O diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios, Júlio Nery, reforçou o trabalho desenvolvido no decorrer dos anos em prol da normalização. “Este ano colocamos dentro do IBRAM-CONIM as normas técnicas de barragens 13028 e 13029. O IBRAM coordenou a primeira edição das normas técnicas em 1996. O Comitê Brasileiro de Grandes Barragens está fazendo a primeira norma técnica para barragens de terra no Brasil este ano. Se analisarmos os projetos dessas normas, eles contemplam condições de segurança muito avançadas”, avaliou.
Para a coordenadora do IBRAM-CONIM, Rejane Carvalho, o futuro do programa é promissor. “Estes 40 anos foram marcados por um árduo trabalho de profissionais que se dedicaram incansavelmente pela normalização no Brasil e os resultados são extremamente positivos. Entretanto, continuaremos nesta busca por melhorias e padronização das normas técnicas”, ressaltou.
Conheça a história da normalização no Brasil e da criação do IBRAM-CONIM.
Visão geral da Normalização
O gestor do ABNT/CB-041, Arthur Napoleão, fez uma contextualização de como é a ISO nos tempos atuais e a sua dinâmica. “A ISO, que é estruturada em comitês técnicos, é composta atualmente por 167 membros, que são os organismos de normalização de cada país, e participam por meio da ABNT. A normalização é a padronização para harmonização de interesses. Quem faz as normas são as partes interessadas que se reúnem para seguir as regras da ISO”, explicou.
Eduardo Pimenta de Almeida Melo, coordenador da Comissão de Estudo de Amostragem em Minério de Ferro (CE-01), ressaltou a complexidade e a importância do trabalho de amostragem no contexto da mineração. “O mundo produz e comercializa hoje em torno de 3 bilhões de toneladas de minério de ferro. Para comercialização deste produto, precisamos tirar amostras que sejam representativas de características que o minério possui. São características físicas, como tamanho de partículas, químicas, metalúrgicas e comportamentos. Representar a quantidade de minério que daria para fazer uma linha completa do planeta terra até Urano é extremamente difícil”, destacou.
Para classificar estas amostras, elas passam por processos de análises. Samantha Vivekananda dos Santos, coordenadora da Comissão de Estudos de Análise Química em Minério de Ferro, afirmou que “os excelentes resultados dos laboratórios brasileiros já foram usados e aceitos como argumentos de defesa das análises químicas, ou seja, o desempenho é tão bom, que em disputas comerciais isso já foi usado como argumentação e trouxe ganhos consideráveis para o mercado brasileiro”, avaliou.
“Graças ao trabalho multidisciplinar, hoje, praticamente todos os ensaios e interface comercial utilizam como referência as normas ISO. O enriquecimento pessoal e profissional de trabalhar na atividade de normalização contribuem com um aspecto muito positivo e deixa um legado engrandecedor para o mercado da mineração”, afirmou a coordenadora da Comissão de Estudo de Ensaios Físicos e Metalúrgicos em Minério de Ferro, Simonny Guachalla.
O coordenador da Comissão de Normalização para não Ferrosos, Arnaldo Moreira Borges, destacou que o reconhecimento do trabalho dos especialistas brasileiros levou o país à liderança de seis projetos de normas internacionais em cobre e níquel. “Normas técnicas são a sabedoria destilada por profissionais de várias áreas, setores, produtores, clientes e outras partes interessadas, que trabalham como se fosse uma sinfônica. onde o maestro é a ISO, que trabalha conduzindo, orientando e gerenciando todo o processo e a orquestra são os participantes e representantes de cada país que conhecem as necessidades das empresas que fazem parte da Organização Internacional para a Normalização”, explicou.
Homenagens especiais
Nos primeiros anos do processo de participação das empresas brasileiras de mineração na ISO, a competência, a dedicação e, especialmente, a resiliência de alguns profissionais foram fundamentais.
Alguns deles, pioneiros incansáveis desta causa nunca serão esquecidos. O filho de Antônio Carlos Seara, Júlio Ricardo Moreira Seara, recebeu uma homenagem pelo trabalho desenvolvido pelo seu pai, que foi o grande responsável pela conscientização das empresas mineradoras brasileiras sobre a importância de participarem ativamente do desenvolvimento das normas ISO de interesse dos fornecedores de minérios.
A viúva de Floriano Wendling, Marta Nanci Wendling, recebeu a placa de homenagem pelo trabalho do seu marido que, quando era gerente de laboratório químico e metalúrgico da usina de pelotização da Samarco, foi líder de Grupos de Trabalho que desenvolveram importantes normas ISO para avaliação da qualidade metalúrgica das pelotas na interface comercial.
A filha de Jacques Gillis, Danielle Gillis, esteve presente para receber homenagem pela dedicação do seu pai à normalização. Ele foi o braço direito de Antônio Carlos Seara no importante trabalho de quebrar a inércia das empresas e iniciarem uma participação ativa e organizada no TC 102.
Como secretário executivo do IBRAM, José Mendo, possuía grande conhecimento da mineração e das normas e foi fundamental, tanto para o acordo inicial das empresas com a ABNT, quanto para a criação e apoio ao CONIM. A homenagem póstuma foi entregue ao seu filho, Alexandre Mendo.
Também participou do momento de homenagens a Betsy Pinheiro, viúva de Paulo Pinheiro. Ele tinha um conhecimento científico profundo da área e foi o grande responsável pelo aprofundamento teórico que embasava os votos brasileiros no TC 102.
Rosana Tunes, irmã do ex-diretor do IBRAM, Marcelo Tunes, recebeu homenagem pelo trabalho do geólogo com marcante trajetória no setor mineral brasileiro.
Para finalizar, o IBRAM homenageou os pioneiros especialistas que atuaram nos primeiros 20 anos deste processo de normalização do Brasil: Adriana Cordeiro, André Luiz Piccolo, Arthur Napoleão, Carlos Augusto Coutinho, Flávio Vieira, Hélio Cardoso, Liana Joncew, Luiz Antônio Moreira, Márcio Castilho, Mário Alzamora, Myriam Souza Dias, Renata Penna, Simonny Guachalla, Solange Nunes e Thásia de Medeiros. E os responsáveis por secretariar todas as reuniões das Comissões de Estudo onde atuam, Bruno Soares de Castro, Francisco Fazollo e Rodrigo Alves Costa.
Veja a retrospectiva do IBRAM – CONIM