Workshop sobre impacto da determinação de umidade no negócio minério de ferro
12/06/23
A determinação de umidade da carga de um navio é fator crítico para o negócio de minério de ferro, pois o cliente paga por massa e composição química em base seca. Isto significa que qualquer erro do laboratório para mais na determinação de umidade da carga (base seca a menor), vai penalizar o fornecedor; já para menos, vai prejudicar o consumidor do minério. Por isto, o aprimoramento da norma ISO para determinação de umidade é assunto que desde 2010 tem vindo à tona nas discussões entre fornecedores e consumidores de minério no âmbito do Comitê Técnico 102 da ISO (ISO/TC 102 – Iron ore and direct reduced iron).
Este é o comitê responsável pelas normas internacionais de minério de ferro. Em dezembro próximo haverá mais uma reunião bienal do TC 102, no Japão, e a discussão deste tema será um dos itens mais importantes da agenda. Diante disto, o CB-41 e o IBRAM/Conim promoveram um workshop sobre este assunto para discutir as posições que as empresas brasileiras de minério de ferro defenderão nesse evento. O ABNT/CB-41 é o Comitê Brasileiro de Minérios de Ferro da ABNT que faz a interface do Brasil com o ISO/TC 102, e sua secretaria é operacionalizada pelo IBRAM/CONIM (Comitê para a Normalização Internacional em Mineração do IBRAM).
O workshop foi realizado em 2 de junho último, de forma híbrida. A organização funcional do evento esteve a cargo de Rejane Carvalho, coordenadora do CONIM e também Chefe de Secretaria do CB-41. Participaram do evento especialistas da Vale, CSN, Anglo American, Samarco, Porto Sudeste, Mineração Usiminas, Ferro + Mineração, Sammix, Kymi, Fundamentum, Tamin e Angela N Avelar Consultoria.
Segundo o gestor do CB-41, Arthur Napoleão, o objetivo mais específico deste workshop foi de discutir os experimentos que estão sendo feito pelos laboratórios brasileiros sobre o impacto da mineralogia do minério, tempo e temperatura de ensaio na determinação da umidade e do PPC dos minérios de ferro. “Há que se aprofundar este conhecimento e encontrar uma equação justa para o vendedor e comprador do produto”, explica Arthur Napoleão.
No evento, os coordenadores dos Grupos de Trabalhos (GT) do CB-041 apresentaram resultados de experimentos desenvolvidos nos laboratórios brasileiros ao longo dos últimos dois anos: Determinação da Umidade na Interface Comercial, apresentado por Flávio Vieira; Determinação de PPC por TGA, apresentado por Rodrigo Alves; Determinação de PPC por Mufla, apresentado por Marcela Couto; Impacto da Determinação da Umidade no TML, na Análise de Fe e no Faturamento, apresentado por Mário Alzamora.
“Com a apresentação dos trabalhos desses Grupos de Trabalhos atuando em áreas diferentes (porto e laboratórios) ganhamos conhecimento mais amplo sobre o que acontece com o minério de ferro quando é submetido a aquecimento. Estes GTs atuam independentemente, mas seus resultados estão interconectados”, avalia Márcio Castilho, especialista em estatística.
Para Mário Alzamora, especialista em amostragem, este assunto é bastante complexo e, por isto, com grande diversidade de opiniões. “É interessante ter envolvimento de grupos com diferentes especialidades porque os assuntos englobam vários aspectos de conhecimento. Este workshop é uma excelente oportunidade para discussão direta entre estes GTs para verificar a posição de cada um, e assim caminhar em busca de um consenso”, diz.
“A expectativa é que na reunião do TC 102 de dezembro, a delegação brasileira chegue afinada em suas posições em cada um dos três Subcomitês que constituem o TC 102: o de Amostragem, o de Análises Químicas e o de Ensaios Físicos e Metalúrgicos”, finaliza Arthur Napoleão.